O que é risco de recorrência das crises epilépticas?

O risco de recorrência é a chance de uma pessoa que teve uma ou mais crises epilépticas ter um novo evento.

Esse risco não é conhecido para a maioria dos casos, porém se o médico tem suspeita de que alguma lesão pode ter sido a causa da(s) crise(s) e que há probabilidade de que as crises se tornem persistentes, o diagnóstico de epilepsia deve ser considerado.

Estima-se que o risco de recorrência de uma pessoa que teve duas crises não provocadas voltar a ter crises epilépticas está em torno de 60 a 90% (Hauser et al, 1991).

Esse número não é preciso e, portanto, a decisão de início de fármacos anticrises epilépticas para evitar recorrência das crises epilépticas deve ser individualizada, de acordo com cada caso.

Como o médico vai estimar o risco de 60% de recorrência de crises epilépticas?

Quando a primeira crise epiléptica ocorre, o médico está diante de duas possibilidades: iniciar imediatamente um fármaco anticrises epilépticas ou aguardar até que o indivíduo apresente uma próxima crise.

Como tentativa de ajudar nessa decisão, foi realizado um estudo multicêntrico, por um grupo britânico, chamado MESS – Multicenter Trial for Early Eplepsy and Single Seizures (Ensaio Multicêntrico para Avaliar Crises Epilepticas Iniciais e Crise Epiléptica Única).

Os primeiros achados deste estudo foram publicados em 2005.

Demonstrou-se que após a primeira crise, o início de medicações antiepilépticas reduziu o número de crises subsequentes em dois anos, porém, após esse período, não houve diferença no número de crises para os indivíduos que faziam uso ou não dessas medicações.

Os autores analisaram as características e os resultados do tratamento proposto às pessoas que participaram do estudo MESS, para predizer qual delas teria risco elevado, médio ou baixo de recorrência de crises epilépticas.

O objetivo dessa análise foi decidir quem teria benefício com o início de fármacos anticrises epilépticas imediatamente após a primeira crise.

Como resultado, elaboraram um instrumento para esta classificação e concluíram que aquelas com risco de recorrência de crises elevado e médio se beneficiam do início imediato de medicações após a primeira crise.

O mesmo não ocorre com aqueles com risco baixo podendo, portanto, se prorrogar o início de fármacos anticrises epilépticas.

Qual a origem da taxa de 60% do risco de recorrência?

Um estudo importante foi feito pelo Dr. Allen Hauser e seus colaboradores chamado “Risk of recurrent seizures after two unprovoked seizures” (Risco de recorrência de crises epilépticas após duas crises não provocadas) publicado em 1998 em uma das mais conceituadas revistas médicas do mundo, a The New England Journal of Medicine.

Os indivíduos que apresentaram uma primeira crise epiléptica foram seguidos por até 72 meses para verificação do risco de recorrência de novas crises. Foi observado que após uma única crise o risco de recorrência de uma segunda foi de 26 a 40% em cinco anos.

Após duas crises, o risco de uma terceira foi de 59 a 87% em quatro anos e após a terceira crise, o risco de uma quarta não se altera por esta razão, deve-se iniciar o tratamento após a segunda crise.

O estudo concluiu que após um evento único, o risco de recorrência pode ser considerado relativamente pequeno, mas que após uma segunda crise o risco de novos episódios aumenta substancialmente e, desta forma o diagnóstico de epilepsia já deveria ser considerado.

Fonte: ABE

 

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