O uso do canabidiol no tratamento da epilepsia tem sido um tópico relevante e de grande interesse tanto para pacientes quanto para a comunidade médica e científica.

O canabidiol (CBD) é um dos muitos compostos encontrados na planta de cannabis, conhecida popularmente como maconha. Ao contrário do tetraidrocanabinol (THC), outro componente da planta que é psicoativo e pode causar efeitos alucinógenos, o CBD não causa euforia ou alterações mentais significativas.

Historicamente, a cannabis tem sido usada há séculos para tratar várias condições médicas, incluindo a epilepsia. No entanto, o estigma em torno da planta e as preocupações sobre seus efeitos psicoativos limitaram sua aceitação na comunidade médica por um longo tempo.

O Brasil tem sido pioneiro nas pesquisas do uso de canabinoides para tratamento da epilepsia. Em 1980, Carlini et al. realizaram um ensaio clínico duplo-cego randomizado com canabidiol e placebo em esquema de adição com 15 pacientes com epilepsia do lobo temporal e evidenciaram uma redução da frequência de crises nesse grupo com boa tolerabilidade.

Nos últimos anos, pesquisas têm sido realizadas para investigar o papel do canabidiol no tratamento de diferentes tipos de epilepsia, especialmente as formas refratárias, que não respondem bem aos tratamentos convencionais.

A epilepsia farmacorresistente possui como conceito a tentativa do uso de esquemas terapêuticos com medicamentos anticrises epilépticas adequados para o tipo de epilepsia, mas sem sucesso.

A cirurgia com objetivo da remoção da área epileptogênica é, ainda hoje, o tratamento com maior eficácia para liberdade de crises; por isso, todos os pacientes necessitam ser investigados para essa possibilidade.

Nos casos em que não é possível identificar a região a ser ressecada o tratamento cirúrgico não é possível e outras opções terapêuticas não farmacológicas devem ser avaliadas. Entre elas temos a dieta cetogênica, o estimulador do nervo vago, as cirurgias paliativas, como calosotomia, e o canabidiol.

Um dos estudos mais notáveis foi publicado no New England Journal of Medicine em 2017 e examinou o efeito do CBD em pacientes com síndrome de Dravet e síndrome de Lennox-Gastaut, duas formas graves de epilepsia infantil.

O estudo mostrou que o CBD reduziu significativamente a frequência das convulsões em comparação com o grupo placebo, demonstrando a eficácia potencial do canabidiol como um agente antiepiléptico.

Os resultados de outros estudos têm sido promissores e encorajadores, levando a um maior reconhecimento e aceitação do CBD como uma opção terapêutica válida para certos casos de epilepsia.

Desde então, vários países autorizaram o uso do canabidiol para o tratamento da epilepsia refratária em pacientes que não respondem bem aos tratamentos convencionais.

No entanto, é importante ressaltar que o uso do CBD deve ser monitorado por um médico assistente, pois cada caso é único e a dosagem adequada pode variar de pessoa para pessoa.

Além disso, a pesquisa sobre o canabidiol e seu mecanismo de ação ainda está em andamento. Embora os resultados iniciais sejam promissores, mais estudos são necessários para compreender totalmente como o CBD afeta o cérebro e como ele pode interagir com outros medicamentos antiepilépticos.

Enquanto o uso do canabidiol para a epilepsia está ganhando apoio, é importante lembrar que ele não é uma cura definitiva e não é apropriado para todos os pacientes. A abordagem de tratamento deve ser personalizada e considerar as necessidades específicas de cada pessoa.

Em resumo, o uso do canabidiol no tratamento da epilepsia é um campo em desenvolvimento e promissor. Com resultados encorajadores em estudos clínicos, muitas pessoas que sofrem de formas graves e refratárias de epilepsia têm encontrado alívio através dessa opção terapêutica.

No entanto, é crucial que a decisão de utilizar o CBD seja tomada em conjunto com um profissional de saúde qualificado, garantindo uma abordagem segura e eficaz para o tratamento dessa condição neurológica complexa.

Fonte: ABE

 

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