Não existe dia certo para falarmos sobre epilepsia, mas nós aproveitamos o Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia (26/03) – mundialmente conhecido como Purple Day (Dia Roxo) – para explicar como as cirurgias para epilepsia podem colaborar para o controle das convulsões e trazer qualidade de vida ao paciente e seus familiares.
“Primeiramente, é importante explicarmos que as cirurgias são indicadas para os casos de epilepsia refratária, ou seja, aqueles em que o uso regular de medicamentos adequados não foi suficiente para controlar totalmente as crises convulsivas”, explica Dr. Arthur Cukiert, neurocirurgião funcional da Clínica Cukiert. O médico conta que, atualmente, 1,1% dos brasileiros apresenta epilepsia ativa e 0,3% é eletivo para cirurgia.
De acordo com Dr. Arthur, existem três tipos de tratamentos cirúrgicos para epilepsia:
1- Ressectivos;
2- Desconectivos;
3- Neuromodulatórios.
Quando localizada a origem e/ou o foco da convulsão, a cirurgia ressectiva se torna uma opção por consistir na extração da parte que desencadeia a crise. Para identificar esses pontos, os exames solicitados são ressonância magnética, eletroencefalograma (EEG) e videoeletroencefalograma (VEEG).
Com o ponto de origem/foco da convulsão definido, o neurologista avaliará se a cirurgia ressectiva será uma lesionectomias, indicada para extrair lesões como cavernomas (angiomas cavernosos), má formações do cérebro (displasias corticais), má formações artériovenosas (angiomas), esclerose mesial e tumores; ou ressecção do lobo temporal; ou ressecção do cérebro que não envolva o lobo temporal.
Se a origem da convulsão não for específica, a cirurgia desconectiva pode ser indicada. Como o próprio nome diz, este procedimento “desconecta” algumas estruturas cerebrais para que a crise não se espalhe por todos os hemisférios do cérebro e provoque crises em que o paciente possa sofrer perda de consciência e quedas.
Se os procedimentos ressectivo e desconectivo não surtiram o resultado esperado, a neuromodulação pode ser uma alternativa, podendo ser usada a estimulação do nervo vago ou a estimulação cerebral profunda.
A estimulação do nervo vago (VNS) é feita por meio de um aparato cutâneo (gerador de pulso), em contato com o nervo vago esquerdo do paciente, que controla os impulsos irregulares que chegam ao cérebro, evitando as convulsões. Já a estimulação cerebral profunda (DBS) consiste na introdução de um eletrodo no cérebro que ficará ligado ao neuroestimulador (uma espécie de bateria), geralmente colocado sob o couro cabeludo ou abaixo da clavícula. Ambos os aparelhos atuam no controle dos impulsos elétricos que podem desencadear as crises convulsivas e é o médico quem controla.
“Em cerca de 80% dos casos, os indivíduos podem tornar-se totalmente livre de crises, o que lhes permite retomar o controle sobre sua vida – benefício este que impacta diretamente no paciente e seus familiares”, exemplifica Dr. Arthur.
É importante você saber que não existe um padrão para realização das cirurgias. Cada paciente é avaliado individualmente e, a partir da análise do neurologista, é traçado um plano cirúrgico que atenda suas particularidades, por isso é importante realizar os exames e seguir as orientações do seu médico corretamente.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
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